Lendo hoje o Jornal de Santa Catarina, deparei-me com o texto abaixo transcrito, do colunista e médico Cezar Zillig, à página 19 daquele periódico, tendo como centro do texto o exemplo de um político bem conhecido em Balneário Camboriú, e que, por isso diz muito a respeito à nossa região:
“ LEGALIDADE GLACÊ. Um fulano que governou por alguns meses o Estado de Santa Catarina foi questionado pela imprensa a respeito da aposentadoria que a Constituição prevê a ex-governadores. ( Vocês sabem de quem se fala!). Diante à pergunta incômoda, o nobre “representante do povo”, um tanto desconfortável, dá a singela resposta: “se for legal eu embolso”.
É ilegal e ele deve saber disso; em 2007 o Supremo Tribunal Federal decidiu ser inconstitucional. Decisão que ele desdenha; para ele “interessa” mais a opinião dos deputados estaduais, mais maternal.
Convém deter-se sobre este detalhe nada irrelevante: quer dizer que um cidadão, supostamente como eu, como você, que se lançou como “representante” de seus compatriotas e conquistou a confiança de milhares, de repente se julga no direito de receber R$ 22.111,25 mensais pelo resto de seus dias por ter trabalhado apenas nove meses? Ou quatro anos que fosse? Vê-se que ocorre grave deformidade de percepção entre a maioria dos políticos. Maioria, sim, pois sem maioria não se aprova nem se mantém uma indecência destas. Que véu, que obtusidade esta, que os impedem de reconhecer a imoralidade que representa um tratamento tão divorciado da realidade do eleitorado?
“Se for legal eu embolso” é um insulto! Afinal, a “legalidade”, neste e em tantos outros casos, advém de conchavos entre compadres se brindando mutuamente. Esta “legalidade”, pelo que se vê, é um glacê com o qual se encobre todo tipo de maracutaia. Palácios, casas legislativas, estão repletas de pessoas que se riem da moralidade.
Felizmente, a Ordem dos Advogados do Brasil resolveu desmascarar esta “legalidade glacê”. Ataca a ponta do iceberg da imoralidade. Oxalá a OAB não arrefeça.
A mídia, que não está e nem pode ser censurada, deve continuar; o trabalho não se esgota entrevistando ex-governadores, essas vítimas, obrigadas por lei a receber quantias imorais...
Que os holofotes se voltem para os Deputados Estaduais, os verdadeiros responsáveis por esta infâmia. Diversos acabaram de se eleger; estiveram na porta do eleitor pedindo voto, se oferecendo para representar os interesses do eleitor.
Que se mostre em close, deputado por deputado, excelência por excelência, dizendo o que supõe ser a opinião de seus eleitores sobre estas aposentadorias e contar o que pretende fazer.”. José Travasso.
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